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  • Ano

    2010

  • Local

    Lisboa

Intro

Em Maio de 1968, Miguel Arruda efectuou uma exposição na Galeria do Diário de Notícias, em Lisboa, na qual expunha desenhos e esculturas.
As esculturas partiam de um módulo que se repetia de uma forma serial e repetitiva, acumulando-se de formas diversas na formação de corpos que possuíam uma qualidade simultaneamente escultórica e arquitectónica.

Eram obras pioneiras em Portugal na década de sessenta, por vários motivos: em primeiro lugar, porque se situavam numa articulação entre corporalidade e espacialidade – numa tradição oriunda de Henry Moore como de Brancusi – que não tinha constituído descendência na arte portuguesa; em segundo lugar, porque as questões da serialidade não eram ainda (como viriam a ser mais tarde) tópicos recorrentes do trabalho dos artistas portugueses. A serialidade, que encontraria mais tarde expressão na obra de Ângelo de Sousa, Fernando Calhau, Julião Sarmento, Helena Almeida, encontrava-se intimamente ligada ao carácter repetitivo de uma forma que, pela sua repetição, gerava sentidos independentes da presença do módulo que lhes dava origem. As estruturas repetitivas tinham efectuado a sua entrada no universo artístico com o minimalismo norte americano – sobretudo visível a partir da exposição Primary Structures, apresentada no Jewish Museum em 1966, mas também com a Pop, unidos pelo desaparecimento da expressividade do gesto, pela comum procura de uma presença mais próxima do objecto industrial do que do objecto escultórico escavado, moldado ou construído que tinha definido a tradição modernista.

O carácter orgânico do módulo base dessas articulações escultóricas possuía, ainda uma correspondência nas questões arquitectónicas que saiam do modernismo e que tinham expressão nas obras do Team 10 Group, de Peter e Allison Smithson como de Peter Cook, isto é, nas soluções corporais e pop que a arquitectura vinha a definir a partir do momento de ruptura que se tinha esboçado desde 1956. São, assim, exemplos de uma intimidade entre arte e arquitectura na qual é quase indiscernível o campo de origem.

A partir deste módulo, Miguel Arruda, 40 anos depois, veio a repetir a questão da ambiguidade entre escultura e arquitectura, desta vez à escala arquitectónica. Ampliando a mónada que gerava a escultura de 1968, surge uma peça arquitectónica ligada a um conceito de mínimo existencial que, no entanto, possui uma primeira versão como escultura habitável.

O seu carácter lúdico ou a sua epiderme lusitana não podem fazer esquecer a complexidade de questões que lhe estão na origem, nem o sem carácter metamórfico de objecto inclassificável, sem nome e, por isso, oportuno.

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